quarta-feira, 4 de julho de 2012

Japamala - 108 contas

Por que 108 contas no japamala?


É conhecido que o Mala ou rosário usado em toda a Índia, e que se espalhou pelo mundo, tanto dentro da religião Hindu, como em outras religiões possui 108 contas. Este número “108” é um número sagrado, por diversas razões. 
Estas razões são matemáticas e metafísicas. Os antigos indianos eram excelentes matemáticos. Não houve matéria no campo da Álgebra e da Geometria, que não tenha sido estudado por eles. Este número é produto de operações matemática precisas, por exemplo, se multiplicarmos 1 na primeira potência, por 2 na segunda potência, este resultado por 3 na terceira potência, teremos 108. isso porque o produto de 1 na 1, é 1, e de 2 na 2 é 4, e 3 na 3 é 27, portanto, 1 x 4 x. 27 = 108. Mas talvez a influência mais direta do número 108 não tenha apenas relação matemática, mas sagrada com os fonemas do “alfabeto” sânscrito e a divisão do cosmo, de tempo e espaço. Por sua vez, o alfabeto sânscrito possui 54 letras ou fonemas que são chamados masculinos, e 54 que são chamados femininos, sendo conhecidos como Shiva e Shakti, respectivamente, e que somados resultam em 108. 

Há uma série de outras colocações que encheriam muitos livros. Vejamos, então, alguns aspectos e como eles dizem respeito ao número sagrado 108:




Sri Yantra 
Outra grande fonte de meditação no sagrado 108 é o Sri Yantra. Este símbolo sagrado é conhecido como o monte Meru. Neste Yantra Marmas ou pontos, onde três linhas se entrecruzam, e há 54 sub-cruzamentos. Cada um destes cruzamentos são masculinos e femininos, qualidades de Shiva e Shakti. 
Portanto, estes 54 cruzamentos, sendo masculinos e femininos, resultam no número 108. Por conseguinte, este número 108 define o Sri Yanrta, bem como o próprio corpo humano. 
Igualmente, o número nove é considerado um número sagrado para os Hindus, e se somarmos o número 108, da seguinte forma 1 + 0 + 8, teremos o número 9, que multiplicado por 12, também resultará em 108. Isso se deve pela ciência da numerologia, em que cada número e seqüência, bem como arranjos, possuem um significado profundo, além da objetividade que pretende dar a matemática vulgar. 

Chakra do coração 
O Chakra do coração, ou do vórtice de energia do Anahata, possui linhas de interseção. Os Vedas dizem que há 108 linhas de energia no Chakra do 
coração, onde o Paramatma está residindo. É a partir do Chackra do coração que o Yogi atinge a iluminação do Sahasrara ou Chakra do auto da cabeça, cuja energia é levada pelo canal central ou Sushumna para a coroa da realização em Deus. 



Pontos Marmas 
No corpo sutil há pontos de captação de energia. Estes pontos são chamados de Marmas, e são como pontos de interseção por sobre os Nadis ou canais de distribuição de energia. Os textos védicos afirmam que há 108 Marmas por sobre o corpo, e que têm reflexos no corpo físico e nas diversas funções vitais. 



O tempo 
O tempo é dito que possui 108 sentimentos, os quais estão em número de 36 no passado, 36 no presente, e 36 no futuro. Esta relação da psicologia da percepção do tempo, no mundo finito, é considerada uma dilação do Akasha. 






Astrologia 
A astrologia védica ou Jyotish considera os 9 planetas visíveis, bem como as 12 casas das constelações, chamados de Manshas ou Chandrakalas. A relação de 9 x 12 é igual a 108. A palavra Chandrakala é composta de Chandra = lua, e Kalas, divisões do tempo. O diâmetro do sol é 108 vezes maior do que o da Terra. 

Gopis do Senhor Krishna 
Sri Krishna, o Senhor Supremo, protagonista do Bhagavad-gita, tinha 108 
Gopis ou servas fixas, e 108 mil esposas. Isso é transcendental e não pode ser comparado com as coisas da paixão mundana e leviandade chula. 





Relações diversas 
O número 108 quando divido em porções fracionárias, possui 54, 36, 27, e 9. Então há Malas ou rosários com estas subdivisões, e o devoto faz os devidos arranjos para completar as 108 voltas. 
Islamismo: no Islã, o número 108 é usado como representante de Deus. 

Sikh: na tradição Sikh, o número 108 está presente nas suas mantas de lã, que possuem 108 nós na seqüência, além daqueles que estão nos seus Malas de japa. 

Chineses: os budistas chineses, por notória influência da Índia, usam malas de 108 contas, que eles chamam de Su-chu, dividindo este Mala em 3 divisões de 36 contas. 

Estágios da Alma: as Escrituras Védicas dizem que a alma possui 108 estágios na sua jornada por sobre a Terra, e se não atinge a liberação, deverá voltar para o seio de Paramatma e retornar mais tarde para uma nova jornada de 108 vidas. 

Meru: em um Mala ou rosário, há uma pedra maior chamada de Meru. Ela não faz parte das 108 contas em seqüência, e marca o início e o fim de um Mala de Japa (canto do Mantra). 

Pitágoras: para este filósogo grego, que bebeu da sabedoria dos matemáticos indianos, em viagens que fez para o continente indiano, como facilmente podemos ver na sua biografia, dizia que o número 9 era o limite para todos 
os números. Todos os outros números existem e vêm do mesmo, isso é, de 0 a 9, e com estes números pode-se fazer uma quantia infinita, nos seus diferentes arranjos. 

Upanishadas: há 108 Upanishads principais. Estes Upanishads estão agrupados em categorias dentro de os Vedas. O agrupamento destes textos sagrados está conforme a seguir: 

Rig-veda (10): Aitareya , Atmabodha, Kaushitaki, Mudgala, Nirvana, Nadabindu, Akshamaya, Tripura, Bahvruka, Saubhagyalakshmi. 

Yajurveda (50): Katha, Taittiriya , Isavasya , Brihadaranyaka, Akshi, Ekakshara, Garbha, Prnagnihotra, Svetasvatara, Sariraka, Sukarahasya, Skanda, Sarvasara, Adhyatma, Niralamba, Paingala, Mantrika, Muktika, Subala, Avadhuta, Katharudra, Brahma, Jabala, Turiyatita, Paramahamsa, Bhikshuka, Yajnavalkya, Satyayani, Amrtanada, Amrtabindu, Kshurika, Tejobindu, Dhyanabindu, Brahmavidya, YogakundalinI, Yogatattva, Yogasikha, Varaha, Advayataraka, Trisikhibrahmana, mandalabrahmana, Hamsa, Kalisantaraaa, Narayana, Tarasara, Kalagnirudra, Dakshinamurti, Pancabrahma, Rudrahrdaya, SarasvatIrahasya. 

SamaVeda (16): Kena, Chandogya, Mahat, Maitrayani, Vajrasuci, Savitri, Aruneya, Kundika, Maitreyi, Samnyasa, Jabaladarsana, Yogacudaman, Avyakta, Vasudevai, Jabali, Rudrakshajabala. 

Atharvaveda (32): Prasna , Mandukya, Mundaka, Atma, Surya, Narada-Parivrajakas, Parabrahma, Paramahamsa-Parivrajakas, Pasupatha-Brahma, Mahavakya, Sandilya, Krishna, Garuda, Gopalatapani, Tripadavibhuti-mahnarayana, Dattatreya, Kaivalya, Nrsimhatapani, Ramatapani, Ramarahasya, HayagrIva, Atharvasikha, Atharvasira, Ganapati, Brhajjabala, Bhasmajabala, Sarabha, Annapurna, Tripuratapani, Devi, Bhavana, Sita. 


Com certeza, a conclusão do que vem a ser o número sagrado 108 deve-se aos Vedas, e a forma como os textos e métrica védica está a escrever os sagrados ensinamentos da Suprema Personalidade de Deus. 

Há um livro escrito por Khurana, que dá as explicações que espelham bem estas colocações da métrica védica. 

Diz ele, um círculo possui 360 graus, os quais quando multiplicados por 60 resultam em 21.600 minutos num círculo. O número 60 advém de 60 Ghatis, os quais são sagrados. Um Ghati é igual a 24 minutos, 60 Ghatis são 24 horas, a divisão de um dia. 

Um Ghati é dividido em 60 partes ou Palas. Então, estes Palas multiplicados por 60 resultam em 3.600. Este valor multiplicador por 60, por um Pala contém 60 Vipalas, resulta, novamente, em 21.600. 

A metade deste valor é a fase do dia, e a outra metade a fase da noite. 
Então, 21.600 dividido por 2, resulta em 10.800. Para fins práticos, usa-se 108. Este ritmo ajuda a controlar o ritmo do tempo, bem como do espaço, permanecendo em harmonia com a natureza e a forma como ela se regula. 

 Um passatempo do Srimad Bhagavatam e do Tantra Shastra 
Há uma história védica, chamada de “108 Pithas” ou lugares sagrados, onde há um passatempo do Senhor Shiva e Sati Devi. Esta história está completa no 4º Canto do Bhagavata-purana. O passatempo narra que o Senhor Shiva estava sempre em profunda meditação. O Seu asceticismo estava gerando um grande calor por sobre o universo. Por conseguinte, toda a existência estava correndo enorme perigo, e o Senhor Brahma (Seu pai), interferiu diante de Maa Shakti Devi, a mãe do universo, para que usasse seu poder, no sentido de seduzir o Senhor Shiva e demovê-Lo da Sua posição. Então Maa Shakti concordou, e que iria nascer como Sati, filha de Sri Daksha. O Senhor Shiva havia ficado muito impressionado com o asceticismo de Sati, e com Sua extraordinária beleza. Então Ele retornou a forma humana e casou-Se com Ela. Anos mais tarde, numa festa, o pai de Sati Devi insultou o Senhor Shiva. Sati ficou tão humilhada que entrou em profunda meditação, tendo em vista imolar-Se. O Senhor Shiva ficou com o Seu coração despedaçado. Ele chegou até o local do sacrifício de fogo, e tentou interferir agarrando o corpo de Sati, levando-A para o céu. Mas na medida em que fazia isso, 108 pedaços do corpo de Sati Devi caíram e Se espalharam por sobre a Terra. Eram 108 pedaços, que tornaram os locais onde caíram inteiramente sagrados. Desde esta época estes locais são adorados e fonte de constante peregrinação.


Namastê!

Japamala (japa=repetição, mala=cordão)


Japamala, o que é?

Mala, em sânscrito, significa guirlanda, colar, terço ou simplesmente um "cordão de contas". Japa significa repetição, portanto japamala é uma forma de colar com 108 contas que é utilizado principalmente para a prática de repetição de mantras, com isso se obtém  concentração o que facilita a entrada em estado de meditação.  
O mais tradicional é que o mala possua 108 contas, mas existem malas com 54 ou 27 contas, ou seja, metade ou um terço de 108. Japa é uma excelente prática que reduz as flutuações da mente e  é aconselhado práticas diárias  para se atingir êxito na meditação. Japa pode ser feito verbalizado (vaikhárí), sussurrado (upamshu) ou mentalizado (manasika).
O japamala é um instrumento muito pessoal, toda a energia do mantra acaba se armazenando no mala. Essa energia armazenada faz com que a cada prática, a mente do sádhaka (praticante) se aproxime  mais do estado de meditação. O verdadeiro autoconhecimento só acontecerá se a meditação for realmente vivenciada, pois este é o caminho para a autorealização. Além de todas as energias intrínsecas dos mantras que permanecem no mala, a própria energia do sádhaka e do sádhana (prática) permanecem presentes no japamala.

Existem dois tipos principais de Mala:

-Mala ou Japamala: é feito de sementes (rudráksha, sândalo ou tulasi) e é utilizado para marcar o ritmo e o número das repetições de mantras. Através da repetição (japa), o mantra diminui a atividade dos pensamentos que normalmente são desordenados e agitados e direciona o foco mental do sádhaka para meditação. A utilização do mala é uma excelente ferramenta para obter uma boa concentração. Faça no mínimo um mala completo por dia, ou seja, 108 vezes o mesmo mantra.  Uma boa concentração poderá ser obtida fazendo 10 malas completos, 1080 mantras, mas não se assuste com este número, isso dura apenas poucos minutos e os resultados obtidos com a prática de japa valem o esforço. Esforce-se e busque manter uma prática de japa diariamente.

-Pushpamala:
guirlandas de flores perfumadas, oferecidas aos grandes Yogis e às deidades em cerimônias, em templos ou em altares. A oferenda de guirlanda de flores é muito usada em pújás. Tradicionalmente 108 flores compõem os pushpamalas que são oferecidas às deidades.

O ritmo de passagem de uma conta para outra varia de acordo com a velocidade em que o mantra é entoado ou mentalizado. Opte por vocalizar um mantra completo a cada exalação. 

Utilização:
Segure o mala com a mão direita e repouse sobre o dedo médio. Não é utilizado o dedo indicador para apoiar o mala,  pois o dedo indicador representa o próprio ego. Com o mala repousado sobre o dedo médio, utilize o dedo polegar para passar as contas. A mão direita fica elevada na altura do anáhata chakra, plexo cardíaco.
Quando o mala for muito grande devemos ter o cuidado de não o deixar encostar nem no chão e nem na sola dos pés. Para que isso não aconteça o japamala deve ser segurado com a mão esquerda e elevado na altura ou acima do umbigo, desde que não passe muito da linha do umbigo. Mãos e boca também devem estar limpas para a prática de japa utilizando japamala.
Inicie pela primeira conta após o Meru ou Sumeru (aquela conta que une o início com o fim, que fica por fora das demais contas e que é ornamentada com fios coloridos, geralmente vermelho). Ao chegar ao final gire e volte o japamala iniciando novamente um novo kála (ciclo) de mantras. O Meru indica que estão finalizadas as 108 repetições do mesmo mantra. Utilize a própria passada de retorno pelo Meru como a repetição do centésimo oitavo mantra. Após a passada pelo Meru, inicie novamente pela primeira conta após o Meru. É sempre dada uma volta antes de iniciar um novo ciclo, nunca feito de forma continua e cíclica.

Segue um vídeo com instruções de como utilizar corretamente o japamala:



Para guardar o seu mala de prática diária, utilize um pano limpo ou um saquinho de tecido. Guarde o japamala como se fosse um tesouro, com o tempo perceberá que realmente é. 


Mantra tem a função de despertar estados profundos de consciência. O sádhaka ao longo de suas práticas busca dia após dia livrar-se dos seus pensamentos impuros, emoções densas, ambições fúteis, ego e refinar o seu Ser; tudo isso para buscar a sua essência, o seu verdadeiro eu e evolução espiritual.
Sábios antigos vivenciaram estes estados de consciência e nos passaram em forma de mantra e práticas de meditação, por isso que através do mantra obteremos estes estados que estão latentes dentro de cada ser humano e que precisa ser despertado através de práticas de meditação. O mantra quando executado com mantra chaitanya (consciência profunda dos sons) atua como este gatilho que impulsionará o praticante até estes níveis de consciência. Mantra sem mantra chaitanya é inócuo. Busque praticar japa diariamente, pela manhã e pela noite, nos mesmos horários e no mesmo local. Disciplina e prática diligente são alguns dos caminhos para essa evolução.


_/\_ Namastê!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Yoga na vida

 
No Bhagavadgītā (em sânscrito: भगवद्गीता, transl. Bhagavad Gītā, "Canção de Deus") um texto hindu que relata o diálogo de Krishna (uma das encarnações de Vishnu) com Arjuna (seu discípulo guerreiro), encontramos uma série de ensinamentos de como, através de  pensamentos e atitudes aplicar o Yoga na vida, nas ações do dia a dia por meio de valores (jnãna) transmitidos pela tradição Hindu.
Estes ensinamentos de Krishna a Arjuna servem de base para que possamos aplicar estes códigos de condutas em nossas vidas diárias tornando-as mais integras e felizes. Vejamos alguns destes ensinamentos:

Amanitvam, ausência de vaidade, ausência de arrogância ou de necessidade de elogio. 
Podemos entender amanitvam como humildade, desapego das necessidades de reconhecimento. Devemos nos desprender da inópia do retorno das ações que empreendemos. Parte de nossos sofrimentos surgem do fato de exigirmos  um grau  de respeito e reconhecimento que muitas vezes não coincide com o que recebemos de nossos semelhantes. No entanto, aquele que reconhece seu autovalor e suas capacidades não sente a necessidade de ser reconhecido, está preenchido de amanitvam e é feliz.

Adambhitvam, ausência de pretensão.
Adambhitvam diz respeito as nossas verdades, aquilo que somos e devemos transparecer, sem nos apoiarmos em falsas idéias a respeito de nós mesmos na busca de aceitação ou inserção. Viver nossa verdadeira essência, nossa espontaneidade, autenticidade, sem pretensão de sermos o que não somos, porque o que somos em verdade é o melhor que podemos ser agora.


 Ahimsa, não-violência.
Este é o valor fundamental para se viver uma vida yóguica. Cultivar a não-violência nas palavras, nos pensamentos e ações. Ahimsa é promover a paz e nos aproximar de nossa verdadeira condição humana e natureza; a plenitude e a felicidade.

Kshanti, pacífica adaptabilidade.
A adaptação promove uma atitude positiva, nos afastando do pessimismo e do sofrimento desnecessário. Quando alegre e sinceramente aceitamos aquilo que não podemos modificar nos adaptando às situações que se apresentam, somos capazes de enxergar a oportunidade de aprendizado e crescimento contidos em todas as adversidades.

Arjavam, retidão.
Arjavam é o valor da veracidade, do repeito aos próprios princípios, a convergência entre os pensamentos, as palavras e as ações. Quando não cultivamos a retidão nossa vida fica fragmentada, o pensamento é um, a palavra outra e acabamos por ter uma atitude totalmente diferente daquilo que pensamos e dizemos e isso fere a nossa integridade e confiabilidade.

Acharyopasanam, dedicação ao professor.
Acharya ou guru (professor) é aquele que representa a própria tradição, aquele que busca observar, preservar, sustentar e transmitir os valores do yoga. Acharyopasanam é a dedicação e o repeito a àquele que verdadeiramente vive e ensina as virtudes da vida yóguica.

Shauchan, purificação.
Trata-se da purificação em dois aspectos, a purificação externa no que diz respeito a hábitos de higiene, purificando e limpando o corpo, os cuidados com o corpo que levam a interiorização e consequentemente ao segundo aspecto; a purificação interna que consiste em cultivar pensamentos e atitudes elevadas.


Sthairyam, firmeza de propósito.
Sthaityam significa estabilidade, firmeza. O cultivo do foco de vida, o estado de tranquilidade que nos faz manter o foco em nossos propósitos, que para o yogini deve ser o de alcançar moksha (a libertação), o pleno autoconhecimento no intuito de alcançar uma vida de significado e paz.


Ātma-vinigraha, comando sobre o pensamento.
A capacidade de manter a concentração da mente no momento presente, o exercício contínuo de vivenciar o agora, que naturalmente impede que a mente vagueie e nos afaste do nosso próposito. A habilidade de conscientemente escolhermos o que devemos pensar e cultivar bons pensamentos que nos levem ao desenvolvimento e autocompreensão.

Indriyartheśu vairāgyam, desapego em relação aos objetos dos sentidos.
Indriyartheshu se refere a atitude de reconhecer os verdadeiros valores dos objetos, pessoas e relacionamentos, sem projeções que não lhes sejam intrínsecas, e assim, livrar-se dos sofrimentos advindos das vontades, caprichos e carências.

Anahaṅkāra, ausência de identificação com as coisas do ego.
Devemos encarar o ego como ele é, sem nos identificarmos com ele, está é a proposta de  Anahaṅkāra. Diz respeito a nossa capacidade de observar os desejos e aversões sem o engodo de nos envolver na falsa idéias de que somos estes desejos e estas aversões.


Janma-mṛtyu-jara-vyādhi-duḥkha-dośa-anudarśanam, reflexão sobre as limitações do nascimento, a morte, a velhice, a doença e a dor.
Este é o valor fundamental para o alcance do moksha (libertação) da roda de samsara (encarnações), onde temos a oportunidade de refletir sobre o nascimento e a morte e tudo o que existe paralelo a isto. A oportunidade de aceitar a vida como ela é e desfrutar de tudo que ela nos oferece.


Aśakti, ausência de apego à ideia de posse.
Aśakti significa abrir mão, a idéia de desapego, a compreensão de que nada nos pertence e tudo é absolutamente impermanente. Este desapego se refere tanto a objetos materiais, como a pessoas, sentimentos e relacionamentos.


Anabiśvaṅgaḥ putra-dara-gṛha-adiśu, equanimidade afetiva.
Nada de afeição restritiva e excessiva. Nossas relações afetivas devem ser pautadas no respeito, confiança e equilíbrio. Devemos amar e ter compaixão sem projetar nossas inseguranças e medos, isso só nos leva a sofrimentos.


Nityam samachittatvam iśtaniṣṭopapattiṣu, equanimidade constante.
Este é sem dúvida um dos pilares do yoga, o equilíbrio constante, através de práticas sérias e dedicação, a busca pelo equilíbrio mental e espiritual e a estabilidade emocional.

Mayi cha ananya-yogena bhaktih avyabicharini, devoção inabalável.
Confiança e devoção incondicional aos próprios princípios, crenças e autenticidade. Devoção a sua identidade verdadeira.

Vivikta-deśa sevitvam, apreço por um lugar tranquilo.
O apreço por um lugar tranquilo não se restringe a um lugar físico, é ótimo termos um lugar tranquilo para nos retirar, meditar ou simplesmente relaxar, no entanto, está paz deve ser encontrada em si mesmo, devemos cultivar este lugar de tranquilidade dentro de nós mesmos, cultivar a paz de espirito.

Aratiḥ janasamsadi, apreço pela solitude.
Apreciar a própria companhia e não sofrer pela falta do outro.Compreender que às vezes um pouco de solidão nos faz bem, ao passo que podemos ouvir nossos diálogos internos, observá-los e compreendermo-nos. 

Tattva-jñāna-artha-darśanam, foco e clareza na verdade.
A busca pelo conhecimento da verdade, talvez seja este um dos valores mais importantes da vida yoguica, pois reconhecemos nossa realidade e nós compreendemos numa interação com todas as coisas.

Adhyātma-jñāna nityatvaṁ, disposição contínua para o autoconhecimento.
A atenção e dedicação constantes no caminho do autoconhecimento, o despertar para tudo que nos cerca, no momento presente e agora, vivenciando tudo o que somos.






Shantala - Um toque de carinho


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ouvir, os oceanos, terras e povos do mundo...



Suni-ai sidh peer sur naath
Suni-ai dharat dhaval aakaas
Suni-ai deep lo-a paatal
Suni-ai pohi naa sakai kaal
Naanak bhagataa sadaa vigaas
Suni-ai dukh paap kaa naas